PAMPULHA POR QUEM AMA #COLLAB

Morador da região, o arquiteto e cenógrafo Alex Rousset destaca 5 pontos altos do Conjunto Moderno da Pampulha

POR ALEXANDRE ROUSSET

Neste mês de maio de 2023, o chamado Conjunto Moderno da Pampulha completa 80 anos. É uma alegria festejar a importância dos monumentos projetados por Oscar Niemeyer, na consolidação da identidade deste lugar, mas é bonito, também, pensar a Pampulha como um território maduro, autônomo e, ao mesmo tempo, integrado à dinâmica da cidade.

POR ALEXANDRE ROUSSET

Todo belorizontino tem uma impressão e uma opinião sobre a Pampulha e, esta, é uma prova de que ela é um território reconhecido por tantos. Eu me considero um bom exemplar de “pampulhano”: vivo aqui desde a juventude, frequento a orla quase que diariamente para os treinos de corrida, me deleito com a paisagem natural e me orgulho, como arquiteto, da paisagem construída.

Eu adoro constatar como a orla conquistou uma simpatia da cidade e se tornou referência para tanta gente. É bonito testemunhar sua dinâmica e é especial poder identificá-la como um lugar absolutamente democrático. A Pampulha consegue atrair e reunir os mais diferentes sujeitos com os interesses mais diversos.

É no domingo, à tardinha, que esta vocação melhor se manifesta: a pluralidade prevalece a ponto de não ser possível distinguir grupos ou tribos predominantes. Parecem estar todos ali: famílias, gente jovem, velhinhos e velhinhas, turistas, atletas de final de semana, atletas profissionais…

Quando percebo e confirmo esta ‘disposição’ da Pampulha em acolher o coletivo, eu entendo a sua legitimidade como um ‘lugar de todos’. É como se o título de Patrimônio Cultural Mundial avançasse para além da riqueza do conjunto arquitetônico, e alcançasse a experiência cotidiana de afeto que as pessoas estabelecem com este lugar.

Como se não bastasse, a região guarda para si a reputação de abrigar a  gênese da arquitetura modernista brasileira, com os cinco prédios emblemáticos propostos por Oscar Niemeyer e Juscelino Kubitschek no início da década de 1940.

São muitas as qualidades guardadas por estes edifícios, tome nota:

🖤 Museu de Arte – Antigo Cassino, parece um corpo brilhante que prevalece num patamar elevado em relação à linha d’água. Sua arquitetura guarda um repertório notável de materiais e acabamentos: paredes recobertas em ônix, colunas em alumínio, revestimentos em mármores, granitos, alabastros, aço inox, espelhos rosados e madeira nobre, conferiram ao prédio, nos seus primeiros anos, o apelido de “Palácio de Cristal”.

🖤 Casa do Baile – Projetada para ser originalmente um restaurante dançante, ocupa uma ilha artificial e se constrói com elementos sutis para que a lagoa ganhe um protagonismo no contexto da arquitetura. A marquise, longelínea e cheia de curvas, apoiada em uma colunata de ritmo sinuoso, oferece, a cada passo do visitante, um novo quadro que se incorpora à experiência do percurso.

🖤 Iate Clube – Ao contrário dos demais edifícios do conjunto da Pampulha, é uma construção de formas retas. Mais uma vez, a implantação do prédio junto à água, inspira o traço de Niemeyer: o desenho de sua cobertura em “posição invertida” confere leveza à arquitetura e faz com que o volume pareça não um barco atracado às margens do lago, mas sim, um veleiro passeando sobre as suas águas.

🖤 Igreja da Pampulha – É relevante pelas inúmeras questões estéticas e simbólicas que ela inaugura mas, dentre suas qualidades originais, está o exercício formal praticado por Niemeyer ao explorar, radicalmente, as possibilidades plásticas oferecidas pela tecnologia do concreto armado. Uma sucessão inesperada de abóbadas se contrapõe às linhas oblíquas e tensas da marquise, do sineiro e do cruzeiro criando uma volumetria absolutamente nova diante da arquitetura religiosa praticada até então.

🖤 Casa Kubitscheck – Idealizada por Niemeyer para o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitscheck, traz uma série de inovações em sua organização funcional e formal mas, a grande ousadia deste projeto, está na intenção de seus idealizadores em propor uma espécie de modelo ‘inovador’ para a ocupação residencial da região da Pampulha.

* Alexandre Rousset, formado em Arquitetura e Urbanismo pela PUC-MG, trabalha desde 1996 em projetos de Arquitetura, propriamente dita, bem como no universo da ‘Arquiteura efêmera’. Sua experiência está ligada a trabalhos de cenografia para exposições (Expografia), para teatro e dança (Cenografia e Figurinos) e para a ‘moda’ (campanhas, editoriais, desfiles, feiras). Atua também em trabalhos de restauração e adaptação a novo uso de bens tombados e protegidos. Para conhecer mais: www.alexandrerousset.com.

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